
A desaprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu seu maior patamar desde o início do terceiro mandato, alcançando 49,8% no final de 2024, segundo pesquisa divulgada pela AtlasIntel nesta sexta-feira (10).
O levantamento, realizado entre os dias 26 e 31 de dezembro, indica uma crescente insatisfação com o desempenho do presidente, sinalizando uma tendência preocupante para o governo nos próximos anos.
A pesquisa mostra que a avaliação negativa ao presidente tem registrado uma trajetória ascendente desde abril de 2023, quando a desaprovação se situava em 43,4%. Esse aumento de 6,4 pontos percentuais em menos de um ano demonstra uma significativa mudança na percepção da população sobre o governo. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, o que, mesmo considerando a margem de erro, demonstra uma tendência firme de aumento da rejeição.
Apesar da alta desaprovação, a pesquisa também registrou um índice de aprovação de 47,8% para o governo Lula. Esse dado demonstra uma polarização acentuada na opinião pública, com um cenário político equilibrado entre aqueles que apoiam e aqueles que rejeitam as ações do governo. 2,4% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder à pergunta sobre a avaliação do governo.
A proximidade entre os índices de aprovação (47,8%) e desaprovação (49,8%) indica um cenário de grande fragilidade política para o governo. A diferença de apenas dois pontos percentuais reflete uma população dividida e demonstra a necessidade de ações efetivas por parte do governo Lula para reverter essa tendência negativa. A pesquisa não detalha os motivos para a insatisfação da população, o que demandaria análises complementares para uma compreensão mais profunda.
Contexto Político e Econômico
A alta desaprovação de Lula coincide com um período de desafios econômicos e políticos no Brasil. A inflação, que embora tenha mostrado sinais de desaceleração, ainda impacta diretamente o poder de compra da população, especialmente das classes mais baixas. Além disso, a taxa de desemprego, que tem apresentado uma leve queda, permanece elevada em comparação com os níveis pré-pandemia, gerando descontentamento e frustração entre os brasileiros.
Lula assumiu a presidência em janeiro de 2023 com a promessa de reconstruir o país e retomar os programas sociais que marcaram seus governos anteriores. Contudo, a dificuldade em implementar medidas eficazes e a resistência política no Congresso têm dificultado a concretização de suas promessas.
A insatisfação popular é amplificada por uma percepção de que as mudanças prometidas não estão se concretizando na velocidade esperada.
Além disso, questões como a reforma tributária e a reforma administrativa têm gerado debates acalorados no legislativo. A falta de consenso entre os partidos aliados e as críticas da oposição têm contribuído para um ambiente político tenso, onde cada decisão do governo é minuciosamente analisada e frequentemente contestada.
Reações e Expectativas
As reações à pesquisa da AtlasIntel foram imediatas.
O deputado federal e líder da oposição no Congresso, Eduardo Bolsonaro (PL), usou suas redes sociais para criticar o governo, afirmando que os números refletem “a realidade amarga que o povo brasileiro vive”. Para ele, a crescente desaprovação é um sinal claro de que “o governo perdeu o rumo” e precisa urgentemente mudar sua abordagem.
Por outro lado, aliados do governo Lula tentam minimizar os efeitos da pesquisa.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao comentar os dados, destacou que “o governo está trabalhando incansavelmente para melhorar as condições econômicas do Brasil” e pediu paciência à população. Ele enfatizou que “resultados não aparecem da noite para o dia” e que as medidas implementadas começarão a mostrar resultados em médio prazo.
O cenário se torna ainda mais complexo com as eleições municipais de 2024 findadas. A crescente desaprovação imoactou diretamente os candidatos apoiados por Lula nos municípios brasileiros. Analistas políticos alertam que os partidos aliados devem estar atentos aos sinais das urnas e preparar estratégias eficazes para lidar com a insatisfação popular.
Conclusão
A pesquisa da AtlasIntel traz à tona um alerta sobre o estado atual do governo Lula. Com uma desaprovação próxima dos 50%, o presidente enfrenta um desafio imenso para reconquistar a confiança dos eleitores. A combinação de dificuldades econômicas e políticas exige uma resposta rápida e eficaz do governo para evitar um aprofundamento da crise de legitimidade.
O futuro político do Brasil dependerá não apenas das decisões tomadas nos próximos meses, mas também da capacidade do governo em dialogar com a sociedade e atender às demandas populares. À medida que o cenário eleitoral se desenrola, será crucial observar como Lula e sua equipe enfrentam esses desafios, buscando reverter uma tendência que poderia prejudicar seu legado e as aspirações de seus apoiadores.
O tempo dirá se Lula conseguirá transformar essa desaprovação em aprovação através de ações concretas ou se permanecerá preso em um ciclo de críticas e insatisfação popular.