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Internação de Lula: entenda o procedimento médico para tratar hematomas cerebrais

Foto de outubro mostra cicatriz na cabeça de Lula após sofrer um acidente doméstico — Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetido a uma cirurgia para tratar um hematoma subdural, decorrente de uma queda sofrida em outubro. Internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Lula apresentou dores de cabeça persistentes, o que levou à decisão médica de intervenção cirúrgica. Segundo o boletim divulgado nesta terça-feira (10), ele está em recuperação, permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e seu estado de saúde é considerado estável.

Hematomas subdurais ocorrem quando há acúmulo de sangue entre a superfície do cérebro e a membrana que o reveste, conhecida como dura-máter. Esse tipo de sangramento geralmente é provocado por traumatismos cranianos, como quedas, acidentes ou pancadas. Dependendo da gravidade e do tamanho do hematoma, ele pode exigir monitoramento rigoroso ou intervenção cirúrgica imediata.

O diagnóstico do presidente foi identificado após exames de imagem detalhados, como tomografia computadorizada. Esse procedimento é fundamental para visualizar o cérebro e confirmar o tamanho e a localização do hematoma. Em casos de hematomas subdurais crônicos — como o de Lula — os sintomas podem se manifestar gradualmente, semanas ou até meses após o trauma inicial. Dores de cabeça frequentes, confusão mental, alterações na fala e fraqueza em membros são alguns sinais de alerta.

A cirurgia para a remoção de hematomas subdurais é relativamente comum e tem como objetivo aliviar a pressão intracraniana. Quando o hematoma se acumula, ele pode pressionar o cérebro e comprometer seu funcionamento. O procedimento padrão envolve a realização de pequenos furos no crânio para drenar o sangue acumulado. Em casos mais complexos, pode ser necessária a abertura de uma janela óssea maior, chamada craniotomia, para permitir o acesso adequado e a limpeza completa do hematoma.

No caso de Lula, os médicos optaram pelo procedimento conhecido como trepanação ou drenagem por orifícios, uma técnica menos invasiva e eficiente para hematomas subdurais crônicos. Esse tipo de cirurgia é feito sob anestesia geral, e a recuperação inicial costuma ocorrer em uma UTI para monitoramento contínuo dos sinais vitais e das funções neurológicas.

Após a drenagem, o risco de complicações ainda existe e exige cuidados pós-operatórios rigorosos. Entre os principais riscos estão o ressangramento, infecções e o acúmulo de líquido (hidrocefalia). Por isso, o paciente permanece em observação até que os médicos garantam a estabilidade completa.

A recuperação total de um procedimento como este pode variar de algumas semanas a meses, dependendo do quadro clínico do paciente. Pessoas idosas, como Lula, de 78 anos, precisam de acompanhamento médico próximo devido à maior fragilidade dos vasos sanguíneos e à maior probabilidade de recorrência do hematoma.

Além disso, a recuperação pode envolver sessões de fisioterapia e terapia ocupacional, dependendo do nível de comprometimento neurológico detectado após a cirurgia. Em muitos casos, os pacientes retomam suas atividades normais gradualmente, à medida que os sintomas desaparecem e os exames indicam recuperação completa.

Segundo especialistas, a ocorrência de hematomas subdurais é mais comum em pessoas que fazem uso de medicamentos anticoagulantes, que impedem a formação de coágulos. Lula faz uso de anticoagulantes desde 2023, após a colocação de uma prótese na cabeça do fêmur. Esse uso contínuo aumenta o risco de sangramentos mesmo após traumas menores, como quedas domésticas.

A equipe médica do Hospital Sírio-Libanês informou que a intervenção ocorreu sem complicações e que o presidente responde bem ao tratamento. O boletim destaca ainda que ele está consciente, respira sem auxílio de aparelhos e não apresenta déficits neurológicos. A previsão é de que ele permaneça internado para garantir que não haja complicações durante o período de recuperação.

O hematoma subdural crônico é uma condição que pode afetar qualquer pessoa, mas é mais prevalente em idosos devido à atrofia cerebral, que facilita o deslocamento das veias entre o cérebro e a dura-máter. Por esse motivo, quedas simples em pessoas nessa faixa etária podem resultar em sangramentos internos.

A internação e a cirurgia de Lula trouxeram à tona a importância de monitorar sintomas persistentes após quedas, especialmente em idosos. Qualquer sinal de dor de cabeça constante, desequilíbrio, alterações cognitivas ou fraqueza deve ser investigado rapidamente para evitar complicações mais graves.

O caso do presidente serve como alerta sobre os cuidados necessários com a saúde cerebral e os riscos associados a traumas cranianos em pessoas da terceira idade. A expectativa é de que Lula retome suas atividades após o período recomendado de repouso e reabilitação, seguindo as orientações médicas para uma recuperação plena.

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