
Já ouvi coisas do tipo: “Você pode voltar atrás com o eleitor”, “pode trair o pai ou mãe”, “pode até largar a mulher pra ela se candidatar e o poder ficar em casa”, mas NUNCA descumprir uma palavra dita numa mesa de negociação.
Veja bem, trair na política não é novidade. Faz parte do jogo, mas nem sempre os jogadores permanecem na partida depois disso, dizem alguns. Mas há um detalhe que esses “estrategistas” esquecem: o tabuleiro muda, as peças se reposicionam, e quem apunhalou um aliado hoje dificilmente encontrará parceiros confiáveis amanhã.
Afinal, se a palavra dada vale tão pouco para eles, por que alguém confiaria em novas promessas?
Trair o poder executivo, por exemplo, é uma jogada clássica. O prefeito ou governador estende a mão, viabiliza projetos, articula apoios — e o que recebe em troca? Votos contrários, alianças desfeitas e discursos inflamados que soam tão autênticos quanto uma nota de três reais. E depois o traidor ainda posa de “independente”, como se o eleitor não percebesse a manobra.
Mas a ironia não para por aí. Os traidores costumam se vender como grandes líderes, prontos para construir novas alianças e projetos. Só esquecem de um pequeno detalhe: quem está disposto a trair hoje, trairá amanhã, e todos ao redor sabem disso. É como andar com um alarme que toca sempre que alguém tenta fazer uma jogada dúbia.
O mais engraçado — ou trágico, dependendo do ponto de vista — é como essas traições repercutem. Em tempos de redes sociais e vigilância constante, o político ingrato não tem mais o luxo do anonimato. Vídeos, declarações e bastidores vazam como água em peneira. E o público? Bem, o público assiste ao espetáculo, meio indignado, meio divertido, enquanto comenta: “Lá vai mais um político vendendo a alma por um cargo”.
Se enganam, no entanto, aqueles que acreditam que o eleitorado esquece.
A memória pode ser curta, mas os escândalos ficam registrados em todas as plataformas digitais. E quando chega a próxima eleição, aquele mesmo traidor, que agora implora por confiança, descobre que sua reputação tem o peso de uma pluma.
Na política, quem joga apenas para o curto prazo acaba perdendo no longo prazo. A palavra dada não é apenas um gesto de boa vontade, mas um investimento em credibilidade. E a traição, embora pareça uma jogada esperta, sempre acaba cobrando um preço alto. Como diria o velho ditado: quem planta vento, colhe tempestade. E na política, a colheita vem rápida e sem aviso prévio.
Texto enviado por um leitor do site